Uma definição simples de inclusão digital é "democratização do acesso a tecnologias digitais", através da inclusão digital a sociedade reinventou uma série de hábitos, rotinas e processos incluindo o processo de ensino e aprendizagem que vem se renovando de forma rápida e radical nos últimos anos.
Na educação musical, as novas tecnologias permitiram a adoção de ferramentas para promover a aprendizagem da música, dentre elas podemos dar maior destaque as que possibilitam o compartilhamento de livros, métodos, partituras, músicas e vídeos on-line, conteúdos que são protagonistas da democratização da educação musical.
Outro setor importantíssimo que vem crescendo exponencialmente nos últimos anos é o da criação musical, diferente da música popular que se deteriora ano após ano diversos produtores independentes passaram a produzir bons conteúdos musicais graças aos novos equipamentos, softwares e meios de compartilhamentos criados.
Principalmente no que tange às possibilidades de compartilhamento das composições e performances artísticas é muito difícil imaginar um curso de graduação como o nosso ser possível sem ferramentas como Internet Banda Larga, câmeras digitais ou smarthphones com câmera, microfones, Youtube, Musescore, Soudcloud (e afins), blogs, etc. A produção de diversas atividades do curso que devem ser compartilhadas com os professores e colegas não seria eficiente a 20 anos atrás.
A inclusão digital nos possibilitou tal avanço.
Rodrigo Schramm em seu trabalho "Tecnologias aplicadas a educação musical" nos traz um ponto importante de reflexão(2009, p.3):
Mas é preciso ainda refletir sobre a aplicação da tecnologia à Educação Musical. Parte-se de uma discussão sobre os objetivos que podem nortear um processo de educação musical, a começar pela explicitação do próprio adjetivo empregado: educação musical se refere a educar por meio da música ou educar em música? O que se entende e o que se pretende com esta educação musical são aspectos decisivos do tipo de tecnologia a ser utilizada. Sendo assim, nos deparamos com dicotomias típicas de toda a literatura da área, discutida por autores desde Platão, passando por Rousseau e chegando aos contemporâneos como Gardner (1995) e Swanwick (2003). Da leitura de suas idéias pode-se inferir que para esses e outros autores, os processos de ensinar e aprender Música se debatem entre focos como:
1. Performance (habilidade de tocar, compor, cantar, improvisar) versus Consumo ou Apreciação (conhecer e compreender sobre música: história, análise, estilos, teoria, conceitos, relação com cultura)
2. Ludicidade versus Cognição versus Formação do Caráter
3. Modalidade presencial versus modalidade a distância
4. Fase ideal na infância versus formação tardia e continuada
Os questionamentos apresentados acima nos levam naturalmente a um outro questionamento: Qual será o papel do professor nesse novo cenário que se desenha para a educação musical?
Compreendo que com disposição para adaptar-se a alguns fatores o professor terá muito mais oportunidades pois poderá explorar novas profissões que surgem como, por exemplo, a de desenvolvedor de softwares voltados a educação musical ou tutor virtual de cursos on-line (em um formato que temos bastante contato em nosso curso) e até mesmo de Youtuber voltado a produção de conteúdo para ensino da música.
A inclusão digital traz um terreno de oportunidades por onde passa, gera evolução de forma global e possibilita desenvolvimento econômico e social. Cabe a sociedade aproveitar esse solo fértil.